Por Laura Dourado, da Agência Mural*
Bike Zona Sul incentiva o uso da bicicleta como lazer, turismo e transporte alternativo
Em 2013, o analista Paulo Alves, 34, começou a compartilhar nas redes sociais seus deslocamentos de bicicleta do Grajaú até o Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Assim surgia a página do Bike Zona Sul, com publicações de trajetos, paisagens, desvios ou novas ciclovias nos caminhos da região. A ideia ganhou a atenção e a participação das pessoas. “O pessoal foi somando, porque na zona sul não havia um canal de informações específico sobre bicicleta”, comenta Paulo.
A iniciativa virou um coletivo de ciclistas que incentiva o uso dos pedais como meio de transporte, lazer e turismo na cidade. A página no Facebook, com atualmente 24 mil seguidores, é o principal canal para organização dos encontros e ações, que despertaram novas perspectivas. “Eu me apaixonei por São Paulo depois que comecei a andar de bike”, diz a auxiliar administrativa Francineide Veloso, 42, que pedala com o coletivo há três anos. Para ela, a bicicleta promove essa aproximação com a cidade. “Você consegue ter mais amor por uma cidade que, de repente, você acha que é selva de pedra e não é. É uma cidade que merece ser amada”, explica.
Paulo integra a Câmara Temática da Bicicleta – espaço de discussão do poder público junto a comunidade para tratar das demandas dos ciclistas. Criado em 2015, funciona como espaço consultivo do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT) e teve importante papel na implantação de mais de 450 km das ciclovias na cidade de São Paulo.
Além da participação no diálogo com a gestão pública, o BZS também promove ações para a comunidade. O Pedal Noturno Bike Zona Sul é um evento itinerante que cria grupos locais de pedal em diferentes bairros da região, o coletivo faz o primeiro encontro e depois os ciclistas locais seguem com o grupo.
No Bike Zona Sul Cicloturismo, os membros organizam rotas turísticas pelo Polo de Ecoturismo de São Paulo. As saídas acontecem principalmente do Grajaú ou da ciclovia Rio Pinheiros; algumas das pedaladas vão rumo ao Templo Quan-Inn, próximo ao Terminal Varginha; à Cachoeira do Marsilac, na Estrada do Capivari; e ao Vale dos Templos, em Itapecerica da Serra.
E nessas muitas pedaladas histórias têm ganhado novos rumos. A advogada Amelia Farias, 51, começou a pedalar há mais de quatro anos para sair de uma depressão após o falecimento do filho. “A bike foi um dos motivos que me deu vida. Os colegas de trabalho começaram a ir de bike e eu achei super interessante”. Hoje, ela pedala 20 quilômetros até o trabalho três dias na semana e emagreceu 24 quilos. Pouco depois de começar a pedalar sozinha; encontrou o coletivo pelas redes sociais e começou a participar. “A importância de pedalar em grupo é a amizade que você cria com as pessoas, que te incentivam mais ainda”, afirma com entusiasmo.
Todas as pedaladas são organizadas a partir dos grupos do Bike Zona Sul no Facebook e qualquer pessoa é bem-vinda. O único requerimento é que as recomendações de segurança disponíveis no site do coletivo sejam lidas antes.
A oportunidade de ter experiências como essa pode estar mais próxima do que parece! Experimente participando do Dia do Desafio. A campanha acontece todos os anos na última quarta-feira do mês de maio. São mais de 3 mil cidades que participam, no Brasil e em 13 países do continente americano como Argentina, Chile, Cuba, México, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Saiba mais!
*Série de reportagens produzida pela Agência Mural de Jornalismo das Periferias, que tem como missão minimizar as lacunas de informação e contribuir para a desconstrução de estereótipos sobre as periferias da Grande São Paulo.