Cada vez mais pessoas têm buscado ocupar espaços públicos. Iniciativas que propõem reinventar ambientes urbanos ganham adeptos.
*Matéria publicada em 20 de março de 2018
Desde a Grécia Antiga as cidades são pontos de encontro, um espaço coletivo e patrimônio de todos. Por que não se apropriar dos espaços públicos também para praticar esportes? Esse é um dos objetivos do Dia do Desafio 2017: fazer você sair do sofá e ir para rua, para o metrô, para a praça. Afinal, você se mexe e o mundo mexe junto.
Hoje em dia, cada vez mais pessoas têm buscado ocupar os espaços públicos para lazer, entretenimento e atividades físicas. Dessa forma, iniciativas que propõem reinventar ambientes urbanos como as criadas pelo IPIU (Instituto de Pesquisa e Inovação em Urbanismo) vêm ganhando cada vez mais adeptos.
Júlia Miranda Aloise é arquiteta e pesquisadora do Instituto e conta que o grupo propõe intervenções simples e práticas, usando cones de trânsito, tintas, floreiras, pallets e outros materiais que podem ser adaptados para a construção de parklets, pocket parks e hortas urbanas nas cidades.
Uma ação criada pelo grupo de pesquisadores em conjunto com a população e a iniciativa privada foi o Batatalab, no Largo da Batata, em São Paulo. Com um novo mobiliário urbano e cultural o local agora recebe eventos gastronômicos, culturais e esportivos. “O que antes era inóspito ficou fervilhando, porque as pessoas perceberam o potencial que aquele espaço tinha.” diz Júlia.
Para o arquiteto Emilio Bertholdo Neto, que também é pesquisador do IPIU, tudo faz parte de um ciclo. “Quando as pessoas se apropriam de um lugar, ele começa a atrair mais pessoas. População atrai desenvolvimento econômico e comércio, e isso atrai ainda mais gente”. Aos domingos a abertura da Avenida Paulista e do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, ambos em São Paulo (SP), são outros exemplos que incentivam diferentes usos para a rua.
Dia do Desafio: vai pra rua!
O Dia do Desafio quer despertar a vontade de praticar atividades físicas. Para Júlia essa também pode ser uma motivação para ocupar os espaços da cidade “As pessoas podem se apropriar da rua para o esporte também. A rua ainda é o lugar da brincadeira e da competição saudável principalmente entre crianças”.
Bertholdo conta que esse tipo de ação é mundial, com iniciativas, por exemplo, na África, onde as crianças usam a terra batida como quadras de futebol, o que atrai desde torcedores que se reúnem em volta para assistir os jogos, até vendedores ambulantes. Há movimentos semelhantes também em Medellín, na Colômbia ou em Nova Iorque, nos Estados Unidos, dentre diversas outras espalhadas pelo mundo.
Mas como começar? Eu posso fazer isso? Pode, e deve. Os especialistas do IPIU esclarecem que intervenções pequenas não necessitam de autorizações legais. Reunir alguns amigos, elaborar um trajeto bacana e formar um grupo de corrida é um ótimo começo. Jogar bola na praça, caminhar, andar de patins, skate ou bicicleta nas ciclofaixas e ciclovias são opções fáceis, baratas e práticas que estão à disposição.
Para ele, é importante criar a consciência da importância de uma relação democrática com as cidades, na qual os conjuntos de forças tenham os mesmos desejos e objetivos. “A cidade é nossa, o espaço público é nosso, a gente precisa tratar ele bem para que as pessoas possam utilizá-lo”, conclui o arquiteto.
Cada vez mais pessoas têm buscado ocupar espaços públicos. Iniciativas que propõem reinventar ambientes urbanos ganham adeptos.